Mais um ano com controlos positivos, atletas suspensos, muita polémica... No entanto, o escândalo rebentou em Espanha na chamada "Operación Puerto" cujo principal protagonista é o médico Eufemiano Fuentes; do outro lado do Mundo levantou-se o escândalo "BALCO" envolvendo principalmente velocistas norte-americanos.
Quando se fala em doping e em substâncias proibidas, pensa-se primeiro em ciclismo e em seguida em atletismo. Segundo recentemente o jornal francês "Le Monde", o futebol também estará envolvido , nomeadamente, equipas espanholas como o Real Madrid, Barcelona, Bétis e Valência. A razão é simples, em grande parte dos campeonatos europeus o controlo anti-doping que se faz é essencialmente à urina e não ao sangue; substâncias como a conhecida Eritropoetina(EPO) não são assim detectáveis.
Fuentes elaborava planos de "tratamento" com base em anabolizantes, epo e TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS. Basicamente a EPO é uma substância que estimula a produção de glóbulos vermelhos, intensificado o transporte de oxigénio para os músculos. São os esteróides anabolizantes que constituem a classe de substâncias que mais casos polémicos tem causado no futebol, pois o seu consumo aumenta a força e a massa muscular, fundamentais para um desporto cada vez mais físico. Temos como exemplo a famosa nandrolona e futebolistas que deram positivo : Guardiola, Davids, Fernando Couto, Abel Xavier, Quim, Nuno Assis ...
As transfusões sanguíneas são uma técnica utilizada da seguinte forma, quando os atletas estão em alto rendimento ( dentro de um pico de forma) retira-se sangue que é guardado para uma posterior transfusão numa altura em que se ache conveniente. O sangue é retirado também após uma época de treinos em altitude onde os glóbulos vermelhos fabricados pelo organismo são "naturais" e não estimulados por alguma substância. Esta é prática recorrente no atletismo e ciclismo. Onde os esforços são maiores e mais prolongados. Não se justifica usar esta técnica no futebol num guarda-redes ou num atacante, mas num médio mais trabalhador que seja sujeito a um desgaste constante já se poderá aplicar.
Em relação ao atletismo basta dizer que não é por acaso que os melhores atletas portugueses como Francis Obikuwelo, Carla Sacramento e mesmo Rui Silva, vão para Espanha viver ou fazer largos estágios em Madrid nos Centros de "Alto Rendimento" ... Será que a "sopa" lá é melhor que cá?
Este ano realizaram-se os Europeus de Pista em Gotemburgo e como sempre havia grandes espectativas em relação a um atleta como Rui Silva. Após semanas de indefinição em relação à sua presença, lá arranjou um lesão para não ir. Eu creio saber a "lesão" que ele arranjou, faltava-lhe os serviços de Eufemiano Fuentes entretanto constituido arguido no escândalo de doping. Provavelmente, também teria lá a sua bolsa de sangue para usá-la provavelmente nesta altura. Recuando até aos Jogos Olímpicos de Atenas quem não se lembra da brilhante última volta de Rui Silva saindo do último lugar do "pelotão" e acabando num brilhante terceiro lugar, ficando a ideia que estando melhor colocado poderia ter ganho. Nas semanas anteriores a esse grande evento, as suas participações em grandes meetings foram banais ! Antes da partida para Atenas arranjou mais uma lesão, uma hérnia que não lhe permitia estar ao melhor nível. De repente, ficou numa forma fabulosa. Milagre não ?
No Tour de França de 2006 quando se esperava ter um pelotão limpo, após as exclusões de Jan Ullrich e Basso incluídos na "Operación Puerto" surge um controlo positivo de Floyd Landis( ver foto) , suposto vencedor do Tour, numa etapa memorável em que ele atacou cedo na corrida e fez mais de uma centena de quilómetros sozinho dando aos principais favoritos cerca de 5min de vantagem.
O que mais me revolta ainda hoje, é o facto de Lance Armstrong nunca ter sido apanhado nas malhas do doping ! É mais que óbvio que ele tomava algo, por muito que treinasse não atingiria e faria o que eu o vi fazer. Subir montanhas como subia, a sua cadência de pedalada era impressionante... Acredito que daqui a uns anos iremos perceber o que o fazia andar assim, tal como à 10/15 anos já se começava a admnistrar epo e só muitos anos depois é que se começou a fazer o controlo anti-doping a nível sanguíneo a essa substância. De certeza que já há algo novo como é o caso do doping genético.
Apartir do momento que as organizações internacionais de ciclismo,futebol e atletismo establecem limites para determinadas substâncias proibidas faz com que os atletas tentem ir para as grandes competições com esses níveis o mais próximo desse limite. Por vezes, a imprevisibilidade do organismo provoca pequenas variações nesses níveis, o que é o suficiente para dar positivo num controlo !
Não chega sermos os melhores... temos que ser também os mais espertos !
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